Buenaventura Durruti, em entrevista ao jornalista Van Passen, 1936





Van Passen(repórter): É um homem alto, moreno, de traços rudes, filho de humildes camponeses. Já considera os militares rebeldes derrotados?
Buenaventura Durruti: Não. Ainda não os vencemos. Eles possuem Zaragoza e Pamplona, ali onde estão os arsenais e as fábricas de munições. Temos que tomar Zaragoza e depois iremos ao encontro das tropas compostas de legionários estrangeiros que estão no sul sob o mando do general Franco. Dentro de duas ou três semanas nos encontraremos envolvidos em
batalhas decisivas.
V.P.: Duas ou três semanas?
Durruti: Duas ou três semanas ou talvez um mês. A luta se prolongará no mínimo por todo o mês de agosto. O povo trabalhador está armado. Nessa conjuntura, o exército não conta, há dois campos: dos homens que lutam pela liberdade e os que lutam para derrotá-la. Todos os trabalhadores da Espanha sabem que, se o fascismo triunfar, terão fome e escravidão. Mas os fascistas também sabem o que lhes espera se perderem. Por isso essa luta é implacável. Para nós, é uma questão de esmagar o fascismo de maneira que não possa jamais levantar sua cabeça na Espanha. Estamos decididos a terminar de uma vez por todas com ele, e isso, apesar do governo.
V.P.: Por você fala “apesar do governo”? Por acaso esse governo não está lutando contra a legião fascista?
Durruti: Nenhum governo do mundo combate o fascismo até suprimir-lo. Quando a burguesia vê que o poder lhe escapa das mãos recorre ao fascismo para manter o poder de seus privilégios, e isso é o que ocorre na Espanha. Se o governo republicano tivesse desejado eliminar os elementos fascistas, podia tê-lo feito a muito tempo. Ao invés disso, contemporizou, transigiu e gastou seu tempo buscando compromissos e acordos com eles. Mesmo no atual momento existem membros do governo que desejam tomar medidas “muito moderadas” contra os fascistas. É, quem sabe se o governo ainda não espera utilizar as forças rebeldes para esmagar o movimento revolucionário desencadeado pelos trabalhadores.
V.P.: Então você vê dificuldades mesmo depois que os rebeldes sejam vencidos?
Durruti: Efetivamente. Haverá resistência por parte da burguesia que não aceitará se submeter à revolução, que nós manteremos com toda sua força.
V.P.: Largo Caballero afirmou que a missão da Frente Popular é salvar a república e restaurar a ordem burguesa, e você, Durruti, me disse que o povo quer levar para frente a revolução o mais longe possível. Como interpretar essa contradição?
Durruti: O antagonismo é evidente. Como democratas burgueses esses senhores não poderiam ter outras ideias a não ser estas que defendem. Mas o povo, a classe trabalhadora, está cansada de ser enganada. Os trabalhadores sabem o que querem. Nós lutamos não pelo povo, senão com o povo. Quer dizer, pela revolução dentro da revolução. Nós temos consciência que nessa luta estamos sozinhos e que não podemos contar como ninguém senão com nós mesmos. Para nós, não quer dizer nada que exista uma União Soviética em algum lugar do mundo, por que sabíamos de antemão qual era sua atitude em relação a nossa revolução. Para a União Soviética a única coisa que importa é estar tranqüila. Para gozar dessa tranquilidade Stalin sacrificou os trabalhadores alemães à barbárie fascista. Antes tinha sido os operários chineses que haviam sido vítimas desse abandono. Nós já estamos conscientes e desejamos levar nossa revolução para frente, por que a queremos para hoje e não para depois da próxima guerra européia. Nossa atitude é um exemplo de que estamos dando mais dor de cabeça à Hitler e Mussolini do que o exército vermelho. Por que temem que seus povos, inspirando-se em nós, se contagiem e terminem com o fascismo na Alemanha e Itália. Mas esse temor também comparte Stalin, porque o triunfo de nossa revolução irá necessariamente repercutir no povo russo.
V.P.: Este é o homem que representa uma organização sindical que conta aproximadamente com dois milhões de filiados e sem cuja colaboração a república não pode existir, mesmo com a vitória sobre os sublevados [fascistas]. Eu quis conhecer seu pensamento. Porque para compreender o que está acontecendo na Espanha é preciso saber como pensam os trabalhadores. Por essa razão entrevistei Durruti, que por sua importância popular, é um autêntico e característico representante dos trabalhadores armados. Em suas respostas decorre claramente de que Moscou no têm nenhuma influência nem autoridade para falar em nome dos trabalhadores espanhóis. Segundo Durruti, nenhum dos Estados europeus se sente atraídos pelo sentimento libertário da revolução espanhola, senão desejosos de estrangular-la. Você espera alguma ajuda de França ou de Inglaterra, agora que Hitler e Mussoline começaram a ajudar os militares rebeldes?
Durruti: Não espero nenhuma ajuda para uma revolução libertária por parte de nenhum governo do mundo. Talvez os interesses conflitantes dos vários imperialismos diferentes possam ter alguma influência sobre nossa luta, é possível. O general Franco está fazendo tudo o que pode para arrastar a Europa para uma guerra. Ele não hesitará em lançar a Alemanha contra nós. Mas no fim das contas eu não espero ajuda de ninguém, nem sequer, em última instancia, de nosso próprio governo.
V.P.: É possível vocês ganharem sozinhos? Tão logo vencerem estarão sentados sobre um monte de ruínas…
Durruti: Nós sempre vivemos na miséria, e nos acomodaremos a ela por algum tempo, mas não esqueça que os trabalhadores são os únicos produtores de riqueza. Somos nós, os operários, que fazemos marchar as máquinas nas indústrias, nós que extraimos o carvão e os minerais das minas, nós que construímos as cidades. Porque não iríamos reconstruir, e ainda em melhores condições, aquilo que foi destruído? A ruína não nos dá medo. Sabemos que não
vamos herdar nada mais que ruínas. Porque a burguesia tratará de arruinar o mundo na última fase da sua história. Porém, nós não tememos as ruínas, porque levamos um mundo novo em nossos corações. Esse mundo está crescendo nesse momento.

Alienação e Liberdade.



      O que fará hoje quando chegar em casa do trabalho?
tomar banho,jantar e ir pra sala ou cama assistir a novela,acertei?
      No Brasil é assim que o Estado (Poderes Legislativo,Judiciário e Executivo) o mantêm estagnado,parado em frente a caixa de ilusões,absolvendo informações que ocupam seu momento,mas não são úteis para seu crescimento intelectual.
    O Estado o quer alienado,formar cidadães conscientes de seus direitos e desligados dos dogmas impositores não o interessa,por isso cabe a você se libertar,não espere encontrar educação consciente nas instituições de ensino,na televisão,no cinema dos shoppings, na música das rádios ou na "bíblia".
   Procure a liberdade intelectual, a liberdade dos dogmas retrógrados da sociedade, a liberdade do preconceito enraizado na educação,a liberdade das falsas verdades contadas a você durante toda sua vida,procure sua liberdade nos livros.
    Leia,dedique um tempo de seu dia ao seu crescimento intelectual,o que a principio será quase um dever em pouco tempo se tornará um prazer e chegará momento que seu desejo de informação será insaciável,prazer para a mente.
   Quem lê sabe porque!
dicas de escritores: Proudhon, Bakunin, Malatesta, Emma Goldman, George Orwell, Peter Singer, Noam Chomsky.

Os Dez Princípios do Anarquismo


São esses os princípios de uma organização humana sem a presença de predominância social ou física, são a base da liberdade das mãos opressoras do comunismo autoritário, nacional socialismo, democracias liberais, teocracias, monarquias e todas formas de governo que priorizam a supremacia e opressão em benefício próprio de uns sobre outros, somos racionais, podemos nos organizar, basta quebrar as correntes da alienação e o principal, LUTAR:
Os Dez Princípios do Anarquismo
AUTONOMIA :: Esta é a condição indispensável para obter-se a liberdade individual/coletiva. Significa o respeito às decisões, vontades, e opniões do indivíduo em relação ao grupo e vice-versa. Por exemplo: caso um grupo decida em prol de determinada ação, os membros discordantes não ficam obrigados a participar da mesma. Para isso não devem haver relações de dependência que impeçam as pessoas de se posicionarem livremente.

APOIO MÚTUO :: É  a ajuda entre seres de uma organização social onde as partes interagem, auxiliando-se e fortalecendo-se. Tal prática não permite disputas, que são fundamentadas no princípio irracional de superioridade entre seres, sendo destrutivo para o convívio humano. Nossa proposta é somar forças para alcançar uma melhor qualidade de vida para todos.

AUTOGESTÃO :: A autogestão é por princípio, a comunidade cuidando diretamente de seus próprios deveres e interesses. Para que ela aconteça terá de haver ampla liberdade de organização sem leis cerceantes e hierarquias. Por este simples fato os partidos políticos e legisladores tornam-se desnecessários. Afinal se as pessoas tomam para si as responsabilidades de gerenciamento de suas vidas, os representantes profissionais e demais poderes são completamente inúteis.

INTERNACIONALISMO :: Não deveriam existir fronteiras. Não deveriam existir nacionalidades. Patriotismo é um sentimento mesquinho que só faz acontecer guerras inúteis e acirrar a raiva entre os povos. A luta pela liberdade passa pela derrubada do capital, que explora e oprime em todo o globo. Ao invés do estado nação, defendemos a autodeterminação dos povos. Somos internacionalistas, pois nossa ação é revolucionária e acontece em todos os lugares do planeta.

ANTIMILITARISMO :: Dentro da instituição militar impera o autoritarismo a partir de um complexo esquema de hierarquia de poder. Qualquer tipo de autoritarismo é inválido! Por quê um é melhor que o outro? Porque é mais velho? Porque tem mais medalhas no peito? Todos são iguais! Uns podem deter mais experiência, pois então que passem para os outros! O respeito virá naturalmente! Criar um sistema hierárquico por via de medalhas e impô-lo a todos é artificial! Abaixo o autoritarismo!

AÇÃO DIRETA :: A ação direta é o princípio onde você faz e decide diretamente tudo o que lhe diz respeito, em oposição a idéia de representação. O indivíduo por ser único é impossível de ser representado. Quando os movimentos sociais passam a agir e não somente reagir ao sistema, pacífica ou violentamente se faz chamar de ação direta, a maturidade de uma organização, a essência da atual libertária e a única maneira de trilhar um caminho contínuo para a revolução social.

AUTO DEFESA :: Um princípio libertário que propõe a defesa do indivíduo e/ou coletivo, para garantir sua sobrevivência contra forças opressoras da reação. Temos de nos defender do sistema e derrubá-lo, a liberdade não é negociada, nem barganhada, mas sim conquistada. Não se pode "confiar na polícia" e muito menos fazer-nos de vítimas indefesas do sistema. A característica ácrata é a ética e dignidade, "É melhor morrer de pé do que viver de joelho", a autodefesa acompanha toda a atuação anarquista.

VIVER A VIDA :: Fazer a sua parte não é encarar o mundo sob uma visão pessimista. Mesmo sabendo que o mundo é cruel, temos de saber que não podemos mudá-lo de uma hora para outra. Por isso, antes de desistir, desacreditar-se, dar um tiro na cabeça ou tomar qualquer outra atitude assassina-suicída, é necessário encarar a realidade, sabendo que, com pequenas atitudes e esforços, conseguimos mudar a cena.

INDIVIDUALISMO :: Individualismo não é, como a maioria faz crer, uma forma de egoísmo, e sim uma valorização do indivíduo, do individual. Um individualista é único, incopiável, livre e incensurável. "Até onde começa a liberdade do próximo." Todos somos únicos. Até o mais alienado dos humanos tem uma qualidade, uma peculariedade a mais ou a menos pelo menos. Tais qualidades não significam que há melhores e piores, e sim que somos todos diferentes, únicos. Massificar, exigir de todos o mesmo comportamento e rendimento é um atentado à vida, tão vil quanto julgar-se individualista pelo cruel ato de pensar no seu próprio umbigo apenas, mesmo que, para isso, tenha de atropelar, pisar, esmagar e ignorar aos demais.

APARTIDARISMO :: Eleições criam ilusões e desviam energias da luta direta contra o Estado e o capital, deixando desarmado os trabalhadores. Em 1970 os Chilenos acreditaram que se acabaria com o capitalismo elegendo um presidente socialista, em 1973 os militares rasgaram a constituição e instalaram a sanguinolenta ditadura de Pinochet. Em 1964 por muito menos os militares brasileiros rasgaram a constituição e apearam Jango do poder. Por tanto não será elegendo um operário, um democrata ou um socialista que sairemos desse pesadelo. Aqui e agora, no seu bairro, no seu local de trabalho na sua família, na sua escola lutando junto aos seus companheiros pela liberdade e para romper as estruturas autoritárias da sociedade, devemos lutar para cotidianizar a revolução e revolucionar o cotidiano.

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O PROGRAMA ANARQUISTA


O programa da União Anarquista Italiana é o programa anarquista-comunista revolucionário. Há meio século ele foi proposto na Itália, no seio da Internacional, sob o nome de programa socialista. Mais tarde, tomou o nome de socialista-anarquista, como reação contra a degenerescência, autoritária e parlamentar, crescente do movimento socialista. Em seguida, finalmente, denominaram-no anarquista.

1.
O que queremos
Acreditamos que a maioria dos males que afligem os homens decorre da má organização social; e que os homens, por sua vontade e seu saber, podem fazê-los desaparecer.
A sociedade atual é o resultado das lutas seculares que os homens empreenderam entre si. Desconheceram as vantagens que podiam resultar para todos da cooperação e da solidariedade. Viram em cada um de seus semelhantes (exceto, no máximo, os membros de sua família) um concorrente e um inimigo. E procuraram açambarcar, cada um por si, a maior quantidade de prazeres possível, sem se preocuparem com os interesses alheios.
Nesta luta, é óbvio, os mais fortes e os mais afortunados deviam vencer, e, de diferentes maneiras, explorar e oprimir os vencidos.
Enquanto o homem não foi capaz de produzir mais do que o estritamente necessário para sua sobrevivência, os vencedores só podiam afugentar e massacrar os vencidos, e se apoderar dos alimentos colhidos.
Em seguida – quando, com a descoberta da pecuária e da agricultura, o homem soube produzir mais do que precisava para viver – os vencedores acharam mais cômodo reduzir os vencidos à servidão e fazê-los trabalhar para eles.
Mais tarde, os vencedores acharam mais vantajoso, mais eficaz e mais seguro explorar o trabalho alheio por outro sistema: conservar para si a propriedade exclusiva da terra e de todos os instrumentos de trabalho, e conceder uma liberdade aparente aos deserdados. Estes, não tendo os meios para viver, eram obrigados a recorrer aos proprietários e a trabalhar para eles, sob as condições que eles lhes fixavam.
Deste modo, pouco a pouco, através de uma rede complicada de lutas de todos os tipos, invasões, guerras, rebeliões, repressões, concessões feitas e retomadas, associação dos vencidos, unidos para se defenderem, e dos vencedores, para atacarem, chegou-se ao estado atual da sociedade, em que alguns homens detêm hereditariamente a terra e todas as riquezas sociais, enquanto a grande massa, privada de tudo, é frustrada e oprimida por um punhado de proprietários.
Disto depende o estado de miséria em que se encontram geralmente os trabalhadores, e todos os males decorrentes: ignorância, crime, prostituição, definhamento físico, abjeção moral, morte prematura. Daí a constituição de uma classe especial (o governo) que, provida dos meios materiais de repressão, tem por missão legalizar e defender os proprietários contra as reivindicações do proletariado. Ele se serve, em seguida, da força que possui para arrogar-se privilégios e submeter, se ela pode fazê-lo, à sua própria supremacia, a classe dos proprietários. Disso decorre a formação de outra classe especial (o clero), que por uma série de fábulas relativas à vontade de Deus, à vida futura, etc, procura conduzir os oprimidos a suportarem docilmente o opressor, o governo, os interesses dos proprietários e os seus próprios. Daí decorre a formação de uma ciência oficial que é, em tudo o que pode servir os interesses dos dominadores, a negação da verdadeira ciência. Daí o espírito patriótico, os ódios raciais, as guerras e as pazes armadas, mais desastrosas do que as próprias guerras. O amor transformado em negócio ignóbil. O ódio mais ou menos latente, a rivalidade, a desconfiança, a incerteza e o medo entre os seres humanos.
Queremos mudar radicalmente tal estado de coisas. E visto que todos estes males derivam da busca do bem-estar perseguido por cada um por si e contra todos, queremos dar-lhe uma solução, substituindo o ódio pelo amor, a concorrência pela solidariedade, a busca exclusiva do bem-estar pela cooperação, a opressão pela liberdade, a mentira religiosa e pseudocientífica pela verdade.
Em conseqüência:
1) Abolição da propriedade privada da terra, das matérias-primas e dos instrumentos de trabalho – para que ninguém disponha de meio de viver pela exploração do trabalho alheio –, e que todos, assegurados dos meios de produzir e de viver, sejam de fato independentes e possam associar-se livremente, uns aos outros, no interesse comum e conforme as simpatias pessoais.
2) Abolição do governo e de todo poder que faça a lei para impô-la aos outros: portanto, abolição das monarquias, repúblicas, parlamentos, exércitos, polícias, magistraturas e toda instituição que possua meios coercitivos.
3) Organização da vida social por meio das associações livres e das federações de produtores e consumidores, criadas e modificadas segundo a vontade dos membros, guiadas pela ciência e pela experiência, liberta de toda obrigação que não derive das necessidades naturais, às quais todos se submetem de bom grado quando reconhecem seu caráter inelutável.
4) Garantia dos meios de vida, de desenvolvimento, de bem-estar às crianças e a todos aqueles que são incapazes de prover sua existência.
5) Guerra às religiões e todas as mentiras, mesmo que elas se ocultem, sob o manto da ciência. Instrução científica para todos, até os graus mais elevados.
6) Guerra ao patriotismo. Abolição das fronteiras, fraternidade entre todos os povos.
7) Reconstrução da família, de tal forma que ela resulte da prática do amor, liberto de todo laço legal, de toda opressão econômica ou física, de todo preconceito religioso.
Tal é o nosso ideal.
2.
Vias e meios
Até agora expusemos qual é o objetivo que queremos atingir, o ideal pelo qual lutamos.
Mas não basta desejar uma coisa: se se quer obtê-la, é preciso, sem dúvida, empregar os meios adaptativos à sua realização. E esses meios não são arbitrários: derivam necessariamente dos fins a que nos propomos e das circunstâncias nas quais lutamos. Enganando-nos na escolha dos meios, não alcançamos o objetivo contemplado, mas, ao contrário, afastamo-nos dele rumo a realidades freqüentes opostas, e que são a conseqüência natural e necessária aos métodos que empregamos. Quem se opõe a caminho e se engana de estrada, não vai aonde quer, mas aonde o conduz o caminho tomado.
É preciso dizer, portanto, quais são os meios que, segundo nossa opinião, conduzem ao nosso ideal, e que intencionamos empregar.
Nosso ideal não é daqueles cuja plena realização depende do indivíduo considerado de modo isolado. Trata-se de mudar o modo de viver em sociedade: estabelecer entre os homens relações de amor e solidariedade, realizar a plenitude do desenvolvimento material, moral e intelectual, não para o indivíduo isolado, não para os membros de certa classe ou de certo partido, mas para todos os seres humanos. Esta transformação não é medida que se possa impor pela força; deve surgir da consciência esclarecida de cada um, para se manifestar, de fato, pelo livre consentimento de todos.
Nossa primeira tarefa deve ser, portanto, persuadir as pessoas.
É necessário atrair a atenção dos homens para os males que sofrem, e para a possibilidade de destruí-los. É preciso que suscitemos em cada um a simpatia pelos sofrimentos alheios, e o vivo desejo pelo bem de todos.
A quem tem fome e frio, mostraremos que seria possível e fácil assegurar a todos a satisfação das necessidades materiais. A quem é oprimido e desprezado, diremos como se pode viver de modo feliz em uma sociedade de livres e iguais. A quem é atormentado pelo ódio e pelo rancor, indicaremos o caminho para encontrar o amor por seus semelhantes, a paz e a alegria do coração.
E quando tivermos obtido êxito em disseminar na alma dos homens o sentimento da revolta contra os males injustos e inevitáveis, dos quais se sofre na sociedade atual, e em fazer compreender quais são suas causas e como depende da vontade humana eliminá-las; quando tivermos inspirado o desejo vivo e ardente de transformar a sociedade para o bem de todos, então os convictos, por impulso próprio e pela persuasão daqueles que os precederam na convicção, se unirão, desejarão e poderão por em prática o ideal comum.
Seria – já o dissemos – absurdo e em contradição com nosso objetivo querer impor a liberdade, o amor entre os homens, o desenvolvimento integral de todas as faculdades humanas pela força. É preciso contar com a livre vontade dos outros, e a única coisa que podemos fazer é provocar a formação e a manifestação desta vontade. Mas seria da mesma forma absurdo e em contradição com nosso objetivo admitir que aqueles que não pensam como nós impedem-nos de realizar nossa vontade, visto que não os privamos do direito a uma liberdade igual à nossa.
Liberdade, portanto, para todos, de propagar e experimentar suas próprias idéias, sem outros limites senão os que resultam naturalmente da igual liberdade de todos.
Mas a isto se opõem, pela força brutal, os beneficiários dos privilégios atuais, que dominam e regulam toda a vida social presente.
Eles controlam todos os meios de produção: suprimem, assim, não somente a possibilidade de aplicar novas formas de vida social, o direito dos trabalhadores de viverem livremente de seu trabalho, mas também o próprio direito à existência. Obrigam os não-proprietários a se deixarem explorar e oprimir, se não quiserem morrer de fome.
Os privilegiados têm as polícias, as magistraturas, os exércitos, criados de propósito para defendê-los, e para perseguir, encarcerar, massacrar os oponentes.
Mesmo deixando de lado a experiência histórica, que nos demonstra que nunca uma classe privilegiada despojou-se, total ou parcialmente, de seus privilégios e que nunca um governo abandonou o poder sem ser obrigado a fazê-lo pela força, os fatos contemporâneos bastam para convencer quem quer que seja de que os governos e os burgueses procuram usar a força material para sua defesa, não somente contra a expropriação total, mas contra as mínimas reivindicações populares, e estão sempre prontos a recorrer às perseguições mais atrozes, aos massacres mais sangrentos.
Ao povo que quer se emancipar, só resta uma saída: opor violência a violência.
Disso resulta que devemos trabalhar para despertar nos oprimidos o vivo desejo de uma transformação radical da sociedade, e persuadi-los de que, unindo-se possuem a força de vencer. Devemos propagar nosso ideal e preparar as forças morais e materiais necessárias para vencer as forças inimigas e organizar a nova sociedade. Quando tivermos força suficiente, deveremos, aproveitando as circunstâncias favoráveis que se produzirão, ou que nós mesmos provocaremos, fazer a revolução social: derrubar pela força o governo, expropriar pela força os proprietários, tornar comuns os meios de subsistência e de produção, e impedir que novos governantes venham impor sua vontade e opor-se à reorganização social, feita diretamente pelos interessados.
Tudo isso é, entretanto, menos simples do que parece à primeira vista. Relacionamo-nos com os homens tais como são na sociedade atual, em condições morais e materiais muito desfavoráveis; e nos enganaríamos ao pensar que a propaganda é suficiente para elevá-los ao nível de desenvolvimento intelectual e moral necessário à realização de nosso ideal.
Entre o homem e a ambiência social há uma ação recíproca. Os homens fazem a sociedade tal como é, e a sociedade faz os homens tais como são, resultando disso um tipo de círculo vicioso: para transformar a sociedade é preciso transformar os homens, e para transformar os homens é preciso transformar a sociedade.
A miséria embrutece o homem e, para destruir a miséria, é preciso que os homens possuam a consciência e a vontade. A escravidão ensina os homens a serem servis, e para se libertar da escravidão é preciso homens que aspirem à liberdade. A ignorância faz com que os homens não conheçam as causas de seus males e não saibam remediar esta situação; para destruir a ignorância, seria necessário que os homens tivessem tempo e meios de se instruírem.
O governo habitua as pessoas a sofrerem a lei e a crerem que ela é necessária à sociedade; para abolir o governo é preciso que os homens estejam persuadidos da inutilidade e da nocividade dele.
Como sair deste impasse?
Felizmente, a sociedade atual não foi formada pela clara vontade de uma classe dominante que teria sabido reduzir todos os dominados ao estado de instrumentos passivos, inconscientes de seus interesses. A sociedade atual é a resultante de mil lutas intestinas, de mil fatores naturais e humanos, agindo ao acaso, sem direção consciente; enfim, não há nenhuma divisão clara, absoluta, entre indivíduos, nem entre classes.
As variedades das condições materiais são infinitas; infinitos os graus de desenvolvimento moral e intelectual. É até mesmo muito raro que a função de cada um na sociedade corresponda às suas faculdades e às suas aspirações. Com freqüência, homens caem em condições inferiores àquelas que eram as suas; outros, por circunstâncias particularmente favoráveis, conseguem elevar-se acima do nível em que nasceram. Uma parte considerável do proletariado já conseguiu sair do estado de miséria absoluta, embrutecedora, a que nunca deveria ter sido reduzido. Nenhum trabalhador, ou quase nenhum, encontra-se em estado de inconsciência completa, de aquiescência total às condições criadas pelos patrões. E as próprias instituições, que são produtos da história, contêm contradições orgânicas que são como germes letais, cujo desenvolvimento traz a dissolução da estrutura social e a necessidade de sua transformação.
Assim, a possibilidade de progresso existe. Mas não a possibilidade de conduzir, somente pela propaganda, todos os homens ao nível necessário para que possamos realizar a anarquia, sem uma transformação gradual prévia do meio.
O progresso deve caminhar simultânea e paralelamente entre os indivíduos e no meio social. Devemos aproveitar todos os meios, todas as possibilidades, todas as ocasiões que o meio atual nos deixa para agir sobre os homens e desenvolver sua consciência e suas aspirações. Devemos utilizar todos os progressos realizados na consciência dos homens para levá-los a reclamar e a impor as maiores transformações sociais hoje possíveis, ou aquelas que melhor servirão para abrir caminho a progressos ulteriores.
Não devemos somente esperar poder realizar a anarquia; e, enquanto esperamos, limitar-nos à propaganda pura e simples. Se agirmos assim, teremos, em breve, esgotado nosso campo de ação. Teremos convencido, sem dúvida, todos aqueles a que as circunstâncias do meio atual tornam suscetíveis de compreender e aceitar nossas idéias, todavia, nossa propaganda ulterior permaneceria estéril. E, mesmo que as transformações do meio elevassem novas camadas populares à possibilidade de conceber novas idéias, isto aconteceria sem nosso trabalho, e mesmo contra, em prejuízo, como conseqüência, de nossas idéias.
Devemos fazer com que o povo, em sua totalidade e em suas diferentes frações, exija, imponha e realize, ele próprio, todas as melhorias, todas as liberdades que deseja, na medida em que concebe a necessidade disso e que adquire a força para impô-las. Assim, propagando sempre nosso programa integral e lutando de forma incessante por sua completa realização, devemos incitar o povo a reivindicar e impor cada vez mais, até que ele consiga a sua emancipação definitiva.
3.
A luta econômica
A opressão que hoje pesa de uma forma mais direta sobre os trabalhadores, e que é a causa principal de todas as sujeições morais e materiais que eles sofrem, é a opressão econômica, quer dizer, a exploração que os patrões e os comerciantes exercem sobre o trabalho, graças ao açambarcamento de todos os grandes meios de produção e de troca.
Para suprimir radicalmente e sem retorno possível esta exploração, é preciso que o povo, em seu conjunto, esteja convencido de que possui o uso dos meios de produção, e de que aplica este direito primordial explorando aqueles que monopolizam o solo e a riqueza social, para colocá-los à disposição de todos.
Todavia, é possível passar direto, sem graus intermediários, do inferno onde vive hoje o proletariado, ao paraíso da propriedade comum? A prova de que o povo ainda não é capaz, é que ele não o faz. O que fazer para chegar à expropriação?
Nosso objetivo é preparar o povo, moral e materialmente, para esta expropriação necessária; é tentar renovar a tentativa, tantas vezes quantas a agitação revolucionária nos der a ocasião para fazê-lo, até o triunfo definitivo. Mas de que maneira podemos preparar o povo? De que maneira podemos realizar as condições que tornarão possível, não somente o fato material da expropriação, mas a utilização, em vantagem de todos, da riqueza comum?
Nós dissemos mais acima que a propaganda, oral ou escrita, sozinha, é impotente para conquistar para as nossas idéias toda a grande massa popular. É preciso uma educação prática, que seja alternadamente causa e resultado da transformação gradual do meio. Deve-se desenvolver pouco a pouco nos trabalhadores o senso da rebelião contra as sujeições e os sofrimentos inúteis dos quais são vítimas, e o desejo de melhorar suas condições. Unidos e solidários, lutarão para obter o que desejam.
E nós, como anarquistas e como trabalhadores, devemos incitá-los e encorajá-los à luta, e lutar com eles.
Mas estas melhorias são possíveis em regime capitalista? Elas são úteis do ponto de vista da futura emancipação integral pela revolução?
Quaisquer que sejam os resultados práticos da luta pelas melhorias imediatas, sua principal utilidade reside na própria luta. É por ela que os trabalhadores aprendem a defender seus interesses de classe, compreendem que os patrões e os governantes têm interesses opostos aos seus, e que não podem melhorar suas condições, e ainda menos se emancipar, senão unindo-se entre si e tornando-se mais fortes do que os patrões. Se conseguirem obter o que desejam, viverão melhor. Ganharão mais, trabalharão menos, terão mais tempo e força para refletir sobre as coisas que os interessam; e eles sentirão de repente desejos e necessidades maiores. Se não obtiverem êxito, serão levados a estudar as causas de seu fracasso e a reconhecer a necessidade de uma união maior, de maior energia; e compreenderão, enfim, que para vencer, segura e definitivamente, é preciso destruir o capitalismo. A causa da revolução, a causa da elevação moral dos trabalhadores e de sua emancipação só pode ganhar, visto que os operários unem-se e lutam por seus interesses.
Todavia, uma vez mais, é possível que os trabalhadores consigam, no estado atual em que as coisas se encontram, melhorar de fato suas condições? Isto depende do concurso de uma infinidade de circunstâncias. Apesar do que dizem alguns, não existe nenhuma lei natural (lei dos salários) que determine a parte que vai para o trabalhador sobre o produto de seu trabalho. Ou, se se quiser formular uma lei, ela não poderia ser senão a seguinte: o salário não pode descer normalmente abaixo do que é necessário à conservação da vida, e não pode normalmente se elevar a ponto de não dar mais nenhum lucro ao patrão. É óbvio que, no primeiro caso, os operários morreriam, e, assim, não receberiam mais salário; no segundo caso, os patrões deixariam de fazer trabalhar e, em conseqüência, não pagariam mais nada. Mas entre estes dois extremos impossíveis, há uma infinidade de graus, que vão das condições quase animais de muitos trabalhadores agrícolas, até aquelas quase decentes dos operários, em boas profissões, nas grandes cidades.
O salário, a duração da jornada de trabalho e todas as outras condições de trabalho são o resultado das lutas entre patrões e operários. Os primeiros procuram pagar aos trabalhadores o mínimo possível e fazê-los trabalhar até o esgotamento completo; os outros se esforçam – ou deveriam se esforçar – em trabalhar o mínimo e ganhar o máximo possível. Onde os trabalhadores se contentam com qualquer coisa e, mesmo descontentes, não sabem opor resistência válida aos patrões, são em pouco tempo reduzidos à condição de vida quase animal. Ao contrário, onde eles têm uma elevada idéia do que deveriam ser as condições de existência dos seres humanos; onde sabem se unir e, pela recusa ao trabalho e pela ameaça latente ou explícita da revolta, impor que os patrões os respeitem, eles são tratados de maneira relativamente suportável. Assim, pode-se dizer que, em certa medida, o salário é o que o operário exige, não enquanto indivíduo, mas enquanto classe.
Lutando, portanto, resistindo aos patrões, os assalariados podem opor-se, até certo ponto, à agravação de sua situação, e, até mesmo, obter melhorias reais. A história do movimento operário já demonstrou esta verdade.
Não se deve, entretanto, exagerar o alcance destas lutas entre explorados e exploradores no terreno exclusivamente econômico. As classes dirigentes podem ceder, e cedem amiúde, às exigências operárias expressadas com energia, enquanto não são muito grandes. Contudo, quando os assalariados começam – e é urgente que eles o façam – a reivindicar aumentos tais que absorveriam todo o lucro patronal e constituiriam, assim, uma expropriação indireta, é certo que os patrões apelariam ao governo e procurariam reconduzir os operários, pela violência, às condições de todos os escravos assalariados.
E antes, bem antes que os operários possam reivindicar receber em compensação ao seu trabalho o equivalente a tudo que produziram, a luta econômica se torna impotente para assegurar destino melhor.
Os operários produzem tudo, e sem seu trabalho não se pode viver. Parece, portanto, que recusando trabalhar, os trabalhadores poderiam impor todas as suas vontades. Mas a união de todos os trabalhadores, mesmo de uma única profissão, em um único país, e dificilmente realizável: à união dos operários se opõe a união dos patrões. Os primeiros vivem com o mínimo para sobreviver no dia a dia e, se fazem greve, falta-lhes o pão logo a seguir. Os outros dispõem, por meio do dinheiro, de tudo o que foi produzido; podem esperar que a fome reduza os assalariados à sua mercê. A invenção ou a introdução de novas máquinas torna inútil o trabalho de grande número de trabalhadores, aumentando o exército de desempregados, que a fome obriga a se venderem a qualquer preço. A imigração traz, de repente, nos países onde as condições são mais favoráveis, multidões de trabalhadores famintos que, bem ou mal, dão ao patronato o meio de reduzir os salários. E todos estes fatos, resultando necessariamente do sistema capitalista, conseguem contrabalançar o progresso que eles detêm e destroem. Desta forma, resta sempre este fato primordial segundo o qual a produção no sistema capitalista está organizada por cada empregador para seu proveito pessoal, não para satisfazer as necessidades dos trabalhadores.
A desordem, o desperdício das forças humanas, a penúria organizada, os trabalhos nocivos e insalubres, o desemprego, o abandono das terras, a subutilização das máquinas etc, são tantos males que não se podem evitar senão retirando dos capitalistas os meios de produção, e, por via de conseqüência, a direção da produção.
Os operários que se esforçam em se emancipar, ou aqueles que de fato procuram melhorar suas condições, devem rapidamente se defender do governo, atacá-lo, pois ele legitima e sustenta, pela força brutal, o direito de propriedade, ele é obstáculo ao progresso, obstáculo que deve ser destruído se não se quiser permanecer indefinidamente nas atuais condições, ou em outras ainda piores.
Da luta econômica deve-se passar para a luta política, quer dizer, contra o governo. Ao invés de opor aos milhões dos capitalistas os poucos centavos reunidos penosamente pelos operários, é preciso opor aos fuzis e aos canhões que defendem a propriedade os melhores meios que o povo encontrar para vencer pela força.
4.
A luta política
Por luta política entendemos a luta contra o governo. O governo é o conjunto dos indivíduos que detêm o poder de fazer a lei e de impô-la aos governados, isto é, ao público.
O governo é a conseqüência do espírito de dominação e de violência que homens impuseram a outros homens, e, ao mesmo tempo, é a criatura e o criador dos privilégios, e também seu defensor natural.
É falso dizer que o governo desempenha hoje o papel de protetor do capitalismo, e que este último tendo sido abolido, ele se tornaria o representante dos interesses de todos. Antes de mais nada, o capitalismo não será destruído enquanto os trabalhadores, tendo se livrado do governo, não tiverem se apoderado de toda a riqueza social e organizado, eles próprios, a produção e o consumo, no interesse de todos, sem esperar que a iniciativa venha do governo, que, de resto, é incapaz de fazê-lo.
Se a exploração capitalista fosse destruída, e o princípio governamental conservado, então, o governo, distribuindo todos os tipos de privilégios, não deixaria de restabelecer um novo capitalismo. Não podendo contentar todo mundo, o governo necessitaria de uma classe economicamente poderosa para sustentá-lo, em troca da produção legal e material que ela receberia dele.
Não se pode, portanto, abolir os privilégios e estabelecer de modo definitivo a liberdade e a igualdade social sem por fim ao Governo, não a este ou àquele governo, mas à própria instituição governamental.
Nisso, assim como em tudo o que concerne ao interesse geral, e mais ainda este último, é preciso o consentimento de todos. Eis porque devemos nos esforçar em persuadir as pessoas de que o governo é inútil e nocivo, e de que se vive melhor sem ele. Mas, como já o dissemos, a propaganda sozinha é impotente para alcançar tudo isso; e se nos contentássemos em pregar contra o governo, esperando, de braços cruzados, o dia em que as pessoas estariam convencidas da possibilidade e da utilidade de abolir por completo toda espécie de governo, este dia nunca chegaria.
Denunciando sempre esta espécie de governo, exigindo sempre a liberdade integral, devemos favorecer todo combate por liberdades parciais, convictos de que é pela luta que se aprende a lutar. Começando a provar a liberdade, acaba-se por desejá-la inteiramente. Devemos sempre estar com o povo; e quando não conseguirmos fazer com que queira muito, devemos fazer com que, pelo menos, ele comece a exigir alguma coisa. E devemos nos esforçar a que aprenda a obter por si mesmo o que quer – pouco ou muito –, e a odiar e a desprezar quem quer que vá ou queira fazer parte do governo.
Visto que o governo detém, hoje, o poder de regular, por leis, a vida social, ampliar ou restringir a liberdade dos cidadãos, e visto que ainda não podemos arrancar-lhe esse poder, devemos procurar enfraquecê-lo e obrigá-lo a fazer uso dele o menos perigosamente possível. Mas, esta ação, devemos fazê-la sempre de fora e contra o governo, pela agitação na rua, ameaçando tomar pela força o que se exige. Jamais deveremos aceitar uma função legislativa, seja ela nacional ou local, pois, assim agindo, diminuiríamos a eficácia de nossa ação e trairíamos o futuro de nossa causa.
A luta contra o governo consiste, em última análise, em luta física e material.
O governo faz a lei. Deve, portanto, dispor de força material (exército e polícia) para impor a lei. De outra forma, obedeceria quem quisesse, e não existiria mais lei, mas uma simples proposição, que qualquer um seria livre para aceitar ou recusar. Os governos possuem esta força e servem-se dela para reforçar sua dominação, no interesse das classes privilegiadas, oprimindo e explorando os trabalhadores.
O único limite à opressão governamental é a força que o povo se mostra capaz de lhe opor. Pode haver conflito, aberto ou latente, mas sempre há conflito. Isso se dá porque o governo não para diante do descontentamento e da resistência populares senão quando sente o perigo de uma insurreição.
Quando o povo se submete docilmente à lei, ou o protesto permanece fraco e platônico, o governo se acomoda, sem se preocupar com as necessidades do povo. Quando o protesto é vivo, insiste e ameaça, o governo, segundo seu humor, cede ou reprime. Mas é preciso sempre chegar à insurreição, porque, se o governo não cede, o povo acaba por se rebelar; e, se ele cede, o povo adquire confiança em si mesmo e exige cada vez mais, até que a incompatibilidade entre a liberdade e a autoridade seja evidente e desencadeie o conflito.
É, portanto, necessário preparara-se moral e materialmente para que, quando a luta violenta eclodir, a vitória fique com o povo.
A insurreição vitoriosa é o fato mais eficaz para a emancipação popular, porque o povo, depois de ter destruído o jugo, torna-se livre para se entregar às instituições que ele crê (sempre retardatária) e o nível de civismo que a massa da população alcançou, pode ser superada com um salto. A insurreição determina a revolução, isto é, a atividade rápida das forças latentes acumuladas durante a evolução precedente.
Tudo depende do que o povo é capaz de querer.
Nas insurreições passadas, o povo, inconsciente das verdadeiras causas de seus males, sempre quis bem pouco, e conseguiu bem pouco.
O que desejará nas próximas insurreições?
Isso depende em grande parte do valor de nossa propaganda e da energia que formos capazes de mostrar.
Devemos incitar o povo a expropriar os proprietários e a tornar comuns seus bens, organizar, ele próprio, a vida social, por associações livremente constituídas, sem esperar ordens de ninguém, recusar nomear ou reconhecer qualquer governo e qualquer corpo constituído (Assembléia, Ditadura, etc) que se atribuíssem, mesmo a título provisório, o direito de fazer a lei e impor aos outros sua vontade, pela força.
Se a massa popular não responde ao nosso apelo, deveremos, em nome do direito que temos de ser livres, mesmo se os outros desejarem permanecer escravos, para dar o exemplo, aplicar o máximo possível nossas idéias: não reconhecer o novo governo, manter viva a resistência, fazer com que as comunas, onde nossas idéias são recebidas com simpatia, rejeitem toda ingerência governamental e continuem a viver de seu modo.
Deveremos, sobretudo, nos opormos por todos os meios à reconstituição da polícia e do exército, e aproveitar toda ocasião propícia para incitar os trabalhadores a utilizar a falta de forças repressivas para impor o máximo de reivindicações.
Qualquer que seja o resultado da luta, é preciso continuar a combater, sem trégua, os proprietários, os governantes, tendo sempre em vista a completa emancipação econômica e moral de toda a humanidade.
5. Conclusão
Desejamos, portanto, abolir de forma radical a dominação e a exploração do homem pelo homem. Queremos que os homens, unidos fraternalmente por uma solidariedade consciente, cooperem de modo voluntário com o bem-estar de todos. Queremos que a sociedade seja constituída com o objetivo de fornecer a todos os meios de alcançar igual bem-estar possível, o maior desenvolvimento possível, moral e material. Desejamos para todos pão, liberdade, amor e saber.
Para isso, estimamos necessário que os meios de produção estejam à disposição de todos e que nenhum homem, ou grupo de homens, possa obrigar outros a obedecerem à sua vontade, nem exercer sua influência de outra forma senão pela argumentação e pelo exemplo.
Em conseqüência: expropriação dos detentores do solo e do capital em proveito de todos e abolição do governo.
Enquanto se espera: propaganda do ideal: organização das forças populares; combate contínuo, pacífico ou violento, segundo as circunstâncias, contra o governo e contra os proprietários, para conquistar o máximo possível de liberdade e de bem-estar para todos.

                                                                         MALATESTA 1903 E AINDA ATUAL.

VIVIR LA UTOPIA - A HISTÓRIA DE LUTA DOS ANARQUISTAS NA GUERRA CIVIL ESPANHOLA


Documentário sobre a resistência e luta dos anarco-comunistas na guerra civil espanhola, " declaro essencial para camaradas que se identifiquem com a luta Anti-Fascista, se informar sobre o principio da ação direta e propaganda pela ação, bem como resistência a opressão". 


natal


Vamos falar sobre a terra?


almasdebarrio:

http://almasdebarrio.tumblr.com/

VAMOS FALAR SOBRE A TERRA? O “NOSSO PLANETA” , E O QUE NÓS, OS HUMANOS ESTAMOS FAZENDO DE ERRADO COM ELA E OS OUTROS SERES LIGADOS Á ELA?

 O que o senso comum identifica como o principal problema da humanidade? alguns seguindo sua interpretação religiosa dizem ser seres malígnos os culpados, outros acusam a ganância humana, e muitos ou a maioria apenas sofrem as consequências na pele, como: miséria, escravidão, limitação da liberdade, ódio étnico, guerras e inúmeras desgraças que destroem a vida e o mundo.
  Deixando de lado possíveis artimanhas de seres criados pela imaginação humana (demônios e deuses), podemos acusar os culpados pela devastação da terra: o homem e seus sistemas, como: capitalismo, sistema econômico que legitimina uma minoria ter muito enquanto a maioria nada têm, não bastando a desigualdade social ainda destrói os recursos naturais que são “finitos”, ou seja, têm fim. Outro imenso problema que poderia ser facilmente resolvido pela educação é o preconceito que teve sua origem quando o homem não conhecia os homens de outras tribos e se enfrentavam por bens materiais e território, nossa racionalidade e todo conhecimento acumulado durante milênios pela humanidade são mais que suficiente para não mais dividir-mos ou limitar-mos a liberdade dos outros, por um simples motivo: o planeta terra tem capacidade de prover tudo que a humanidade necessita para viver e ser feliz, porém o ódio e a desigualdade legitiminam nossa situação.
            Como resolver tudo isso?
   Necessitamos, precisamos, devemos mudar nosso formato de educação e o sistema econômico atual;
EDUCAÇÃO: Entende-se por educação tudo que observamos e acrescemos a nossa interpretação da vida , todos os grandes desentendimentos ocorridos e em processo derivam da interpretação dos grupos sociais a não aceitar ou mesmo tentar tirar vantagem sobre outros, como a escravidão, a divisão de castas religiosas, as guerras tribais e  territoriais, entre outras, evoluimos muito quando depois da segunda guerra foi discutido, escrito e assinado os “direitos humanos”, que em resumo nos iguala como humanidade, problema grande é que fica “apenas” no papel, continuamos a educar nossos filhos a não aceitar aquele que “nós” não conhecemos ou julgamos errado.
  Não somos preto,branco, vermelho, amarelo, pobre, rico, homo, hetero, cristão, budista, homem, mulher e até mesmo os outros animais merecem integração nos direitos á vida,
                       
 SOMOS E PRECISAMOS SER EDUCADOS COMO HUMANIDADE E SEU PLANETA.
CAPITALISMO:
Esse sistema de economia praticado na maior parte do planeta administra o trabalho,
PROBLEMA É: Necessitamos em resumo de 5 A’s para viver: AR, ÁGUA, ALIMENTO, ABRIGO E AMOR. O trabalho possibilita e provê água, alimento, abrigo (casa, roupas, meios de transporte), ar ( que ainda é acessível a todos ),  e possibilita a prática do amor ( quando os outros A’s são preenchidos ), o capitalismo provê esses A’s somente a uma parte privilegiada da humanidade e ainda luxo e ostentação, que deveriam ser inadimissíveis enquanto os outros não tem alimento, abrigo e água, esse formato econômico não obstante nos divide como: hemisfério sul e norte, primeiro e terceiro mundo,país desenvolvido e país pobre, Alphaville e favela,ainda legetimina a interminável guerra entre burguesia e criminalidade.
  Nossos sistemas políticos que “deveriam” promover igualdade de direitos, dizem-se ser democráticos liberais, social-comunistas autoritários, superando os períodos em que éramos governados por supostos enviados de D(eu)s: ( teocracias monárquicas em resumo: reinados ( ainda existentes em alguns países) ) ou mesmo ditaduras militares fascistas calcadas na violência e opressão e endeusamento do estado para “organizar e prosperar” o país, ex: ditadura militar brasileira, fascismo na Italia, nazismo na Alemanha, entre outras formas absurdas de organização social não mais aceitas na atualidade pelos absurdos praticados na história, porém, seriamos hipócritas de dizer que não continuamos passando o poder político de:
Pai para filho (despotismo),
De homem branco, hetero, racista, cristão e machista para homem branco, hetero, racista, cristão e machista ( no caso dos países ocidentais ),
Seriamos hipócritas em afirmar que a política é acessível a todos,
MENTIRA, não é, e não será enquanto aceitar-mos que outros ou uma etnia/ sexo/ religião/ opção sexual/ classe/ país decida os direitos e deveres e disponha de meios militares ou alienatórios para praticar desigualdade, opressão e devastação do planeta em vantagem própria.
   Precisamos primeiramente mudar a educação, uma educação que eduque humanidade consciente do mundo ao seu redor e não mais, proletário e burguesia, negro e branco, budista e cristão,  depois conscientes de direitos e deveres, devemos reeorganizar o trabalho para proporcionar água, abrigo, alimento, á todos e não a uma parte da humanidade, tomar os meios de produção da burguesia e dividi-los á todos, acabando assim com o classismo, o luxo, ostentação, devastação catastrófica do planeta e podermos desenvolver-nos sustentavelmente.
                  Frente a nossa revolta glorificaremos a nossa liberdade e que se inicie a revolução.
                            Sem mais palavras! 
                            Sem mais tréguas!
                               Pela verdade! 
                                 Pela terra!
                                ANARQUIA


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“Só serei verdadeiramente livre quando todos os seres humanos que me cercam, homens e mulheres e animais, forem igualmente livres, de modo que quanto mais numerosos forem os seres vivos livres que me rodeiam e quanto mais profunda e maior for a sua liberdade, tanto mais vasta, mais profunda e maior será a minha liberdade.”
— Mikail Bakunin

Os jovens negros morrem e as mulheres negras também morrem



Já faz um tempo que o movimento negro vem colocando na pauta a discussão sobre o genocídio da juventude negra, criminalização da pobreza e a política de encarceramento em massa promovida em nosso país. Debate duro, difícil, mas que é preciso ser encarado, pois é a realidade de milhares de pessoas no Brasil, incluindo mulheres, sejam as mães daqueles que foram assassinados ou as jovens negras que sofrem com abortos ilegais e inseguros.
Os mais recentes índices de violência demonstram o perfil racial dos assassinatos no país. O número de mortes de jovens negros, entre 15 e 24 anos, é 139% maior do que de brancos. Segundo o Mapa da Violência 2012, entre 2001 e 2010 o número de vítimas brancas, de 15 a 24 anos, caiu 27,5% (de 18.852 para 13.668), enquanto que de vítimas negras aumentou 23,4% (de 26.952 para 33.264).  (ROCHA, Raiza. Ato denuncia o extermínio da população negra em São Paulo)
Porém não é apenas através do recrudescimento da violência policial que vemos a população negra ser exterminada nestas últimas décadas. Importante lembrar da política de esterilização promovida nas periferias, impondo as mulheres uma condição que não foi escolhida por elas e baseada no modelo americano de combate a pobreza que inclui encarceramento em massa, esterilização das mulheres negras e criminalização da pobreza. Aqui talvez o maior arauto deste modelo de extermínio da população pobre e negra seja o governador do Rio de Janeiro: Sérgio Cabral.
A esterilização ocupou lugar privilegiado durante anos na agenda política das mulheres negras que produziram campanhas contra a esterilização de mulheres em função dos altos índices que esse fenômeno adquiriu no Brasil, fundamentalmente entre mulheres de baixa renda (a maioria das mulheres que são esterilizadas o fazem porque não encontram no sistema de saúde a oferta e diversidade dos métodos contraceptivos reversíveis que lhes permitiriam não ter de fazer a opção radical de não poder mais ter filhos). Esse tema foi, também, objeto de proposições legislativas, numa parceria entre parlamentares e ativistas feministas que culminou no projeto de Lei nº 209/91, que regulamentou o uso da esterilização.

Carlos Marighella ( a história de uma mártir Antifascista Brasileiro)


Marighella: o mentor das ações guerrilheiras empreendidas pela Ação Libertadora Nacional.

Um sujeito que viveu a repressão dos regimes autoritários. Essa poderia ser a primeira impressão constatada ao visualizarmos a trajetória do baiano Carlos Marighella. Nascido em 1911, na cidade de Salvador, esse famoso militante político teve a oportunidade de vivenciar o autoritarismo do Estado Novo (1937-1945) e, décadas mais tarde, assistir ao golpe que instalou a ditadura militar no Brasil no ano de 1964.

Sua trajetória política aconteceu nos primeiros anos do governo provisório de Getúlio Vargas, quando participou de algumas manifestações que exigiam a reorganização do cenário político nacional com a elaboração de uma nova Carta Constituinte. Durante os protestos acabou sendo preso pelas autoridades e, com isso, começou a enxergar com importância maior a sua atuação política mediante os problemas sociais e econômicos vividos naquele período.

No ano de 1936, decidiu abandonar seus estudos de Engenharia Civil e se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), que na época era dirigido por figuras históricas como Astrojildo Pereira e Luís Carlos Prestes. Sua chegada ao partido se deu em uma época bastante complicada, pois, um ano antes, os dirigentes comunistas haviam tentado derrubar Getúlio Vargas com a deflagração da Intentona Comunista. Mais uma vez, Marighella fora alvo das forças repressoras do Estado.

Já na primeira detenção conheceu os métodos escusos com que as forças policiais da época agiam contra os inimigos do regime. Carlos foi brutalmente espancado e sofreu várias torturas ao longo de um mês. Saindo da cadeia um ano depois, prosseguiu em sua luta política buscando aumentar os militantes do ideário comunista. Em 1939, foi mais uma vez preso e torturado, sofreu novas sessões de tortura para que delatasse as atividades de seu partido.

Somente com a queda do Estado Novo, em 1945, Carlos Marighella saiu da prisão para viver uma nova fase de sua luta política. Naquele ano, venceu as eleições como um dos mais bem votados deputados federais da época. No entanto, seguindo instruções políticas do governo norte-americano, o governo Dutra realizou a cassação de todos os políticos que estivessem filiados a partidos de inspiração comunista.

Dessa forma, impedido de atuar pelos meios legais, Marighella continuou a buscar apoio político entre trabalhadores e estudantes. No ano de 1959, o triunfo da Revolução Cubana e a falta de uma ação transformadora pelo PCB levaram o apaixonado idealista a questionar sobre a possibilidade de uma revolução popular armada capaz de transformar o cenário político nacional. Com o estouro da Ditadura Militar, foi mais uma vez perseguido pelas forças policias.

Já no primeiro ano da ditadura, entrou em confronto direto com o regime ao trocar tiros com a polícia e bradar a favor do comunismo. Novamente encarcerado, aproveitou o tempo de reclusão para produzir “Por que resisti à prisão”, obra onde explicava a necessidade de se organizar um movimento armado em oposição aos sombrios tempos da repressão.

No ano de 1967, mais uma vez liberto, resolveu romper com o marasmo dos comunistas para formar com outros companheiros dissidentes a Ação Libertadora Nacional. Essa organização clandestina teria como principal objetivo treinar grupos guerrilheiros com o objetivo de formar um expressivo movimento armado urbano. Após treinar os guerrilheiros na zona rural, o segundo objetivo era arrecadar meio milhão de dólares com a realização de uma série de assaltos a banco na cidade de São Paulo.

Na primeira ação, conseguiu pilhar 10 mil dólares de uma instituição bancária da época. Contudo, a penosa missão de manter esse grupo sob a onipresente repressão militar foi se tornando cada vez mais difícil, principalmente, pela falta de preparo de seus comandados. No ano de 1968, um militante capturado por policias confirmou Carlos Marighella com um dos articuladores daquela onda de assaltos.

Logo de imediato, os meios de comunicação subservientes aos interesses do regime militar distorceram toda a trajetória de lutas de Marighella, descrevendo-o como um “líder terrorista”. No final de 1968, o cerco em torno de Carlos piorou com a publicação do AI-5. No ano seguinte, o seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick reforçou a perseguição sobre todos aqueles que representassem uma ameaça à ordem imposta.

No dia 4 de novembro de 1969, em uma ação planejada pela Delegacia de Ordem Política e Social, Carlos Marighella foi morto na cidade de São Paulo, aos 57 anos de idade. Sua morte representou um dos mais incisivos golpes contra os setores radicas da esquerda nacional e contribuiu para que a Ditadura Militar alcançasse sua própria estabilidade. Somente com a crise do regime, no final da década de 1970, a imagem desse ativista foi redimida como um dos símbolos contra a repressão política no Brasil.


Por Rainer Sousa
Graduado em História

FRANCISCO FERRER E A PEDAGOGIA LIBERTÁRIA¹

link para download de livros:

  ESCOLA MODERNA  E

 O Clero Romano e a educacao laica

                                       I Educação & liberdade

“Se não for libertária,
toda pedagogia é autoritária”

            A pedagogia é uma área de investigação humana na qual predomina, como é o caso da história e da sociologia, uma abordagem política. Este ponto de vista predominante é  facilmente justificável não apenas por causa da reflexão sobre os resultados sociais da educação, ou seja, a questão de saber se o ensino envolve reprodução ou transformação da realidade social, mas também em função nda natureza das relações de poder que permeiam o próprio contexto de ensino-aprendizado. Sendo mais direto e provocador: será que o saber é gerador de assimetrias? Será que só é possível aprender com base na obediência?

Desde a perspectiva anarquista de conceber a política, temos duas formas básicas de relação interpessoal: a vertical e a horizontal. Na primeira forma, predomina um desequilíbrio da relação humana através da sobreposição ou imposição da vontade de um só ou de um grupo minoritário sobre os outros. Temos, portanto, na relação vertical diferentes tipos de dominação e hierarquia. Na segunda forma, temos uma relação baseada no entendimento mútuo, numa associação livre entre sujeitos históricos que se autogovernam, na qual todos os envolvidos participam diretamente da organização das atividades em pauta e na tomada de decisões.
Há uma antiga palavra para descrever este tipo especial de convívio humano: “anarquia”, ou seja, ordem na ausência de dominação exterior.
A realização desse tipo de sociabilidade, de convivência, pode ser constatada em todos os âmbitos da vida humana, incluindo a educação. A pedagogia libertária é fruto do esforço de diferentes anarquistas para criar instituições e estratégias de fomento e difusão de saberes que permitam a realização da educação para a liberdade, através da liberdade. Este campo de processos educativos libertários ilustra de modo bastante claro a máxima libertária de que “os fins já estão inseridos nos meios”.
Um obstáculo central para o projeto de uma educação livre consiste no fato de que vivemos todos numa sociedade amplamente organizada em termos verticais. A necessidade de educação livre surge diante da deformação autoritária que sofremos na vida social. Em todos os espaços sociais encontramos a presença de personagens ou funções impositivas, na família o pai, na escola o professor, na rua o policial, no trabalho o patrão, etc. Somos submetidos desde a infância a uma socialização que está sempre marcada pela ênfase na repetição das assimetrias e na falta de autonomia. Por isso, a pedagogia libertária nunca esteve restrita ao âmbito da escola ou das instituições de ensino.
É necessário modificar a formação humana não apenas na escola formal, mas também na vida familiar e comunitária, na medida em que estamos continuamente aprendendo e ensinando uns aos outros. Ainda assim, a criação de escolas livres e/ou de espaços alternativos como lugar de aprendizagem e intercâmbio de ideias não deve ser subestimado, pois se trata de uma ação direta que abre a possibilidade concreta de aprendizado da liberdade. A pedagogia libertária é necessária não apenas para aprendermos na liberdade, mas para aprendermos a ser livres conjuntamente.
No movimento anarquista, a clareza a respeito da necessidade de escolas e espaços é uma constante que atravessa os contextos históricos e sociais. A educação sempre foi vista como um elemento central para a transformação social, ainda que a contribuição da educação nunca tenha sido isoladamente, nem muito menos encarada como a panaceia universal. De qualquer modo, pressupondo que nenhuma ordem social e política é sustentada apenas na base do chicote e do dinheiro, ou seja, através do poder político e econômico, os anarquistas rapidamente reconheceram a importância da luta ideológica, defenderam o papel da transformação da consciência e da visão de mundo.
Através da transmissão de um sistema de crenças e valores, a família e a escola contribuem de modo bastante essencial para a manutenção da realidade social. Há, por assim dizer, um tipo de escravidão psicológica que deve ser superado juntamente com o fim da exploração econômica e a opressão política.

II  Escola Moderna²

   “Não há educação libertária
que não seja autoeducação”

Dentre as inúmeras experiências históricas de aplicação prática das concepções da pedagogia libertária, pode-se destacar a escola fundada em 1901, pelo pedagogo Francisco Ferrer y Guardia.

Os Símbolos do Anarquismo

Os pensadores como símbolo matriz
Os pré Anarquistas como William Godwin, não desconfiavam que suas idéias se desdobrariam em uma tendência de idéias que influenciaria o nascimento do Anarquismo, em especial influenciando os principais pensadores Anarquistas. Godwin é considerado precursor do anarquismo filosófico, ainda que não tenha utilizado propriamente a palavra anarquismo, para alguns Anarquistas Godwin é nada mais que um liberal, outros anarquistas como Makhno admitem ter sido influenciado pelo pensamento de Godwin e o valorizam como escritor e pensador pré Anarquista.
O Anarquismo tem sua máxima e seu nascimento com Pierre Joseph Proudhon, um operário e deputado de esquerda na França que cansado de acreditar no parlamento opta em abandonar o parlamento pela luta junto aos movimentos sociais de sua época, dando inicio a uma esquerda libertaria que faria sua luta fora da esfera do Estado Burguês.
Proudhon é o primeiro na historia a se declarar Anarquista e a escrever sobre este tema, protagonista do federalismo Anarquista e das idéias que em momento posterior ficariam conhecidas por auto-gestão sócio-econômica e que na atualidade recebe o nome de cooperativismo ou economia solidária, influenciou não só com suas idéias mas com uma pratica política libertaria de fazer e promover o movimento social fora da esfera do estado, negando a luta parlamentar, da inicio a um conjunto de adesões políticas a seu nome conhecidos como proudhonianos, que seriam um dos grupos socialistas mais influentes na 1º internacional dos trabalhadores.
Mikhail Aleksandrovitch Bakunin um Socialista Libertário conhece Proudhon já no fim de sua vida, mas a partir deste encontro, Bakunin passa a se declarar também um Anarquista, apaixonado pelos ideais de liberdade de Proudhon, este Russo se identifica com este Francês e a partir dai o Anarquismo ganha uma nova força política.
Bakuninistas e Proudhonianos somam suas forças na 1º internacional, caracterizando uma das principais correntes socialistas da historia que levaria o nome de Anarquismo.
Nasce uma nova experiência ao anarquismo com Bakunin, que traz a este uma formula operativa de organização política especifica que se tornaria o método do partido revolucionário ou da organização especifica dos Anarquistas, para somar forças no movimento social dos trabalhadores da época.
Esta atuação social vai ser a protagonista de diversos sindicatos livres de orientação revolucionaria ou do sindicalismo revolucionário da 1º internacional ou da AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores) como ficou conhecida.
Outros grupos Anarquistas com esta mesma orientação nascem a partir dai em todo o mundo e cabe ressaltar os malatestianos, que defendiam a idéias de Errico Malatesta, Italiano e militante sindicalista, precursor também do chamado partido Anarquista.
Errico Malatesta participa da criação de sindicatos em toda Europa e também nas Américas e participa junto com Emma Goldman da 3º Internacional como oposição aos socialistas autoritários.
Na Rússia nasce o Comunismo Libertário através de Pierre Alekseïevitch Kropotkine com as comunas agrárias e o plataformismo de Nestor Makhno.
A plataforma nasceu das experiências dos anarquistas russos durante a Revolução de Outubro de 1917, analisando que esta conduziu finalmente à ditadura do partido bolchevique ao invés da autogestão de trabalhadores e camponeses. A plataforma tem como intenção explicar e solucionar as falhas do movimento anarquista durante a Revolução Russa.
A plataforma vem trazendo uma debate em torno da experiência das comunas na Ucrânia e de um Anarquismo de Guerra ao Anarquismo.
Ampliando o debate do nível de segurança ao Anarquismo, e é justamente neste debate que faz da FAI (Federação Anarquista Ibérica) e da coluna Buenaventura Durruti, a protagonista do Povo em Armas na Revolução Espanhola e da derrota desta pelas hordas do Exercito Fascista.
No mundo inteiro as tendências libertárias se alastram e na América Latina não foi diferente, tendo em fim desdobramentos e experiências com estes contornos.
Na França nasce a busca da unidade entre os diversos e diferentes grupos Anarquistas, protagonizado uma 1º experiência de organização especifica de Anarquistas em uma Federação de grupos, que hoje se conhece como Federação Sintetista, protagonizada pelo anarquista Sebástien Faure que escreve em apelo pela busca da unidade entre os Anarquistas.
Enquanto na Alemanha começa a nascer os primeiros grupos que norteariam os princípios dos grupos Autonomistas.
 

                                                                        O "A" no circulo, como 1º símbolo



O Anarquismo não tinha um símbolo em seu inicio, mas nos Congressos dos trabalhadores começa a aparecer o símbolo do esquadro e compasso da Maçonaria que aparentava um "A" dentro de um circulo.
Uns dizem que foi dai que surgia o 1º símbolo do Anarquismo, outros dizem que o circulo é a política de organização que nega o triângulo que simboliza o Estado, por isto este circulo tem um corte na diagonal que representa esta negação do Estado se aparentando com um "A" no circulo, pelo traçado que corta o triângulo se tornando o "A" da Anarquia ou Anarquismo.
Historia vai e historia se faz, estória vem e em Maio de 1968 na França em um Congresso Anarquista é retomado o "A" no circulo, referendado em Congresso para unificar a política de pichações políticas nos muros das ruas de Paris.

Posteriormente ficou conhecido como a turma da Geografia Anarquista, pois o circulo simbolizou o mundo sem fronteiras.


                                                                                  O Punho Esquerdo Erguido

O punho esquerdo erguido já vem de um longo período na luta de classes, das assembleias nos movimentos sociais.
No MST se estranha todos que sem saber levantam o punho direito numa assembléia ou entonação do Hino e musicas do movimento.
O punho esquerdo é o símbolo do campo dos interesses da classe explorada e oprimida em luta contra os inimigos de classe.
Na Historia foi o símbolo dos movimentos sociais dos povos negros nos Estados Unidos da América como os Panteras Negras.
O punho erguido é o símbolo das Resistências Populares dos Movimentos Sociais em luta contra os interesses da classe burguesa e do Estado que se colocam contra e na ofensiva as Resistências Populares.
É o símbolo contra os interesses da direita reacionária defensora dos privilegiados, da exploração de classe e inimiga declarada da liberdade.
O punho esquerdo erguido é o resumo das idéias do "campo político" que nos situamos como Anarquistas no processo de acumulo de forças político sociais.
Cabe ressaltar que existe um conjunto de códigos organicistas representados pelo corpo entre eles braços e mãos que fazem parte da "Faculdade Anarquista".


                                                        As Bandeiras como unidade de lutas simbólicas
                                                                                  A Bandeira Negra


A Bandeira negra, na historia contada remete as primeiras Fraternidades em especial e mais conhecida a dos Piratas e se torna símbolo da Revolução Social.
Os piratas adotavam códigos de Ética rígidos e internos em suas Fraternidades.
Todo saque era compartilhado e divido entre a tripulação.
Nas Fraternidades Piratas as decisões eram tomadas em assembleias e cada homem simbolizava um voto.
A tripulação era formada por voluntários em busca de novas experiências e aventuras.
O papel do capitão era de conduzir o corsário e traçar a rota marítima.
A bandeira Negra começa a ser usada na Europa nos movimentos sociais a partir da Revolução Francesa e se torna símbolo da Revolução Social.
A partir dai os Anarquistas usam a bandeira negra como símbolo de sua identidade de grupo revolucionário.
A cor negra da bandeira é a cor da Morte aos opressores e exploradores, e luto por todos que tombaram lutando por liberdade a negação das bandeiras nacionais.


                                                                A Bandeira Negra na historia Anarquista



Mas a bandeira negra Anarquista se originou muito antes disso. O primeiro caso de fato é desconhecido. Parece que este credito é reservado a Louise Michel, famoso participante na Comuna de Paris de 1871. De acordo com o historiador Anarquista George Wood Cock, Michel ergueu a bandeira negra em 9 de Março, 1883, durante uma passeata de desempregados em Paris, na França. A passeata contava com 500 pessoas e Michel como líder, gritando: "Pão, trabalho ou comando!", eles roubaram três padarias antes da policia vir intervir. Nenhum aparecimento mais antigo pode ser encontrado da bandeira negra.
Não muito depois do símbolo negro ter chegado à América. Paul Avrich reportou que em 27 de Novembro de 1884, a bandeira negra foi erguida em Chicago, durante uma passeata Anarquista. De acordo com Avrich, Espiões de Agosto, um dos famosos mártires de Haymarket, "notou que essa foi a primeira vez em que [a bandeira negra] foi erguida em solo Americano" (Avrich, The Haymarket Tragedy, 144-145).



                                                                                       A Bandeira Vermelha



A Bandeira Vermelha vem sendo usada a muito tempo nos movimentos sociais, se tornando símbolo da Luta de Classes, protagonizada por estes movimentos, se tornou símbolo do sindicalismo e dos movimentos sociais em especial os norteados pelos princípios de igualdade das idéias Socialistas e Libertárias.
Também foi usada nas cruzadas e por impérios na Historia e atualmente também é usada por partidos políticos de orientação socialista.
Mas sua essência é a representação da luta de classes dos movimentos sociais que pretende a revolução socialista independente da orientação dos grupos ideológicos internos na luta que também a protagonizam.
A cor da bandeira vermelha nos remete ao sangue ou a cor de sangue, que simboliza a luta social do corpo revolucionário ou seja a vertente classista da luta social.                                             

                                             
                                                                            A Bandeira Vermelho e Negra
                                           


A Bandeira "Vermelho e Negra" nasce com a atuação dos Anarquistas nos movimentos sociais dos trabalhadores, surge da união entre a bandeira vermelha da luta social e dos ideais socialistas, com a bandeira negra da revolução libertária.
Seu significado é o resumo dos objetivos da revolução social socialista libertária, entre a união do Anarquismo com o movimento social e ou sindicalismo.
Foi adotada pela 1º Internacional ou AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores) e continuou sendo adotada no mundo todo pelo Anarquismo Social e pelas organizações especificas de Anarquistas.
As organizações especifistas usam a bandeira vermelho e negra na horizontal, como símbolo das políticas horizontais de organização social e alguns na diagonal, sendo muitas vezes a cor negra acima e a vermelha abaixo, mas não é uma regra simbólica adotada por estas federações especifistas.
O Anarquismo Social em especial o chamado Anarco-sindicalismo, usa a bandeira vermelho e negra somente com o corte na diagonal de 45 graus com o negro abaixo e o vermelho acima.
Uma das referencias do corte social que simboliza a ascensão de classe, para com os fins dos privilégios de classe, na busca da igualdade sócio-econômica e política, a bandeira vermelho e negra do Anarquismo social simboliza que a política nasce de baixo para cima e do lado esquerdo da luta e avança com a cor negra contra o lado direito da classe dos privilegiados, opressores e exploradores.
O Plataformismo usa a bandeira negra da revolução social usada historicamente pelo Exercito Insurgente Macknovista da Ucrânia, bem como no México os Zapatistas ou EZLN adota a bandeira negra.
O Sintetismo usa a bandeira vermelho e negra na diagonal, na maioria das vezes com o "A" no circulo, mas a atual FAI (Federação Anarquista Ibérica) é uma exceção, pois outrora usava a bandeira vermelho e negra especifista na horizontal, mas que adota hoje em sua constituição o sintetismo como organização.
Os Autonomistas como se dividem em vários grupos de matrizes ideológicas diferentes, não tem hoje uma bandeira que unifique a política simbólica de sua forma de pensar e se organizar, porem são um grupo de influencia do anarquismo insurrecional.
Os Anarquistas que aplicaram a bandeira vermelha e negra nos movimentos sociais pertenciam a um grupo maçom ligado ao King Edward na Inglaterra.
Os cortes diagonais, horizontais, verticais faziam parte da politica de descrição dos "níveis anarquistas de organização" enquanto "ESTADO ANARQUISTA".
O corte vertical era referente ao o setor jurídico do estado anarquista e se as cores vermelho e negro tivessem invertidas na direita ou na esquerda tinha "sentido politico secreto" diferente para os maçons anarquistas.
O corte horizontal era a politica social dos iguais, a politica da base da piramide ou da lei dos iguais da tabola redonda, inspirados no "amanhecer e no por do sol", e por isto na bandeira o vermelho sempre vinha na parte superior e o negro na parte inferior da bandeira social.
O corte diagonal era da bandeira ideológica da ascensão econômica e de classe que nasceria na "nova era", e tem sentidos diferentes se for para a direita e sentido diferente se for para a esquerda, porem a base era o Europocentrismo (Europa como centro do mundo), e o Meridiano de Greenwich o segredo da "Magia e Encantamento da Torre do Relógio", porem existe segredos de interpretação pertencentes somente aos iniciados na "Maçonaria Anarquista".
Bem como a Bandeira Lisa Negra, era aplicada aos grupos de ação direta, auto defesa e exercício insurrecional, que agiam na Frente de Combate nas ruas como Exercito de confronto de rua
A Bandeira Lisa Vermelha, era aplicada ao uso das tendencias Socialistas não Anarquistas que se alinhavam com a luta de classes como principio libertador.

                                                                                   A Estrela Internacionalista

                                            

A Estrela é um símbolo muito antigo que representa o humano em advento da sua criação astral.
Símbolo que transcende o espaço conhecido como território, terra ou planeta, indica a aspiração pela internacionalização e união do homem, da classe sobre os interesses das fronteiras políticas e geográficas.
Usada por grupos diferentes na sociedade, o pentagrama recebeu até significados ocultos e foi perseguido como símbolo pagão, pelos reacionários e nacionalistas.
Entre Anarquistas a quem use a estrela negra símbolo da Internacional Anarquista e quem use a estrela vermelho e negra do Anarquismo Social internacionalista.
Os grupos Esperantistas de inspiração libertária adotam a estrela verde, símbolo e cor da esperança internacional em uma forma de comunicação linguística sem fronteiras.
                                      
                                                                                  LIBERTAÇÃO ANIMAL
 A defesa dos direitos dos animais, assim como a dos direitos animais ou da libertação animalconstitui um movimento que luta contra qualquer uso de animais não-humanos que os transforme em propriedades de seres humanos, ou seja, meios para fins humanos. É um movimento social radical que não se contenta em regular o uso "humanitário" de animais,mas que procura incluí-los na comunidade moral de modo a garantir que seus interesses básicos sejam respeitados e tenham igual consideração em relação aos interesses humanos A reivindicação é de que os animais não devem ser considerados propriedade ou "recursos naturais", nem legalmente, nem moralmente justificáveis. Pelo contrário, devem ser considerados pessoas.
                                                                           
                                                                                                 ATEÍSMO




 Ateu é quem não crê em Deus ou em qualquer ser superior. A palavra tem origem no Grego “atheos” que significa “sem Deus, que nega e abandona os deuses”. É formado pela partícula de negação “a” juntamente com o radical “theos” (deus). o ateísmo é defendido como luta pela liberdade, porque as religiões principalmente as de massa, são usadas na alienação da sociedade.


                                                                                              ANTIFASCISMO
      
Um dos símbolos mais reproduzidos pelos antifascistas são as três setas. De origem alemã, as três setas representam originalmente as três lutas do Partido Social Democrata Alemão (Sozialdemokratische Partei Deutschland), que se recusava a apoiar a monarquia, o nazismo ou o comunismo.
O símbolo surgiu criado em 1932, que traz a inscrição Gegen Papen, Hilter, Thälmann: Contra Papen (chanceler de esquerda que governou a então República de Weimar em 1932 e lutou contra os nazistas, mas se aliou a eles assim que Hitler tomou o poder) Hitler (com o bigodinho mais mal feito da história da humanidade) e Thälmann, (líder do partido comunista da época).
Nas Antifa´s, o símbolo é resignificado, variando de acordo com as lutas locais. 
Podem significar a luta contra os preconceitos:
Contra a Homofobia, o Machismo e o Neonazismo, 
e podem significar a luta contra corporações:
religião, estado e capitalismo.